A jovem Glória, mãe de Adriana, voltaria a visitar, depois
de quinze anos, uma pequena cidade em que quando adolescente sempre viajava
para passar suas férias.
Pouca coisa havia mudado por ali. Glória se lembrava de cada
lugarzinho que viveu naquela cidade durante a sua adolescência. Contava toda a
sua lembrança para a sua filha de doze anos que passeavam juntas a pé pela
cidade.
Ao passar por uma praça, que era um dos lugares que Glória
mais se lembrava, viu um homem que estava sentado bem no banco da praça e que
se recordou vagamente. Tentou buscar em suas reminiscências de onde o conhecia.
O homem estava com uma aparência impecável e parecia estar vestido para um
encontro.
Enfim lembrou-se de onde o conhecia. Sim, Glória e ele
namoraram durante um mês em que ela passou na cidade. E aquele mês foi o último
de sua adolescência por lá. “Muito tempo se passou”, disse ela a si mesma. “Ele
mudou pouca coisa”.
Adriana olhou para aquele homem sentado no banco da praça, e
perguntou o seguinte para a sua mãe:
- Conhece aquele homem, mãe?
A mãe olhou para a filha que a interrogava seriamente e
disse:
- Não filha. Não me lembro.
- Os olhos dele são tão tristes. Posso ir até lá e perguntar
qual o motivo de sua tristeza? – Disse a menina.
- Não filha. Melhor não. Deixe-o para lá.
Adriana ficou comovida com aquele olhar do homem. Pensou
naqueles olhos tristes o dia todo. Não conseguia esquecê-lo.
Glória também pensou nele o dia todo. A praça era o local
preferido do casal quando namoravam. Naquele banco, em que ele estava sentado,
era o cantinho em que eles sempre se encontravam. Aquele banco era o ponto de
encontro do casal. E foi naquele banco que Glória se despediu do homem. Foi lá
que ele á viu pela a última vez.
Passaram lindos momentos juntos. Momentos que ficaram
gravados para sempre na memória de Glória. Foi difícil de esquecê-lo. Seus pais
a proibiam de ver aquele rapaz. Não queriam que aquele namorinho de verão fosse
adiante. Tinham projetos para Glória. Projetos que foram conquistados graças á
eles. Porém Glória estava apaixonada por aquele rapaz e não aceitava as ordens
dos seus pais. Queria ir adiante com ele, não queria jamais abandona-lo. Foi
quando os pais de Glória tomaram medidas drásticas. No mesmo dia em que Glória
prometeu aos seus pais que jamais abandonaria ele, seus pais arrumaram as malas
e voltaram para a terra natal. Prometeram a Glória que nunca mais voltariam
para aquela cidade. E foi o que aconteceu. Glória sumiu do homem. Porém nunca
esqueceu aquele romance de verão.
Antes de deixar a cidade, Glória marcou um encontro de
despedidas com o rapaz. Tentou se lembrar do que falou para ele naquele dia,
porém não conseguiu. Tinha que esquecer tudo isto, afinal estava casada e amava
o seu esposo e sua filha.
No dia seguinte, Adriana e algumas amigas passeavam naquela
mesma praça; e quando Adriana perguntou se elas conheciam aquele homem de olhar
triste, elas ficaram estranhas e com medo.
- Minha mãe disse para eu não chegar perto dele. – Disse
uma.
- Ele é apenas um louco. Minha mãe me disse que já faz
quinze anos que ele fica sentado nesta praça dando milho aos pombos. É
inofensivo. – Disse outra.
- Vou até lá falar com ele. – Disse Adriana.
- Melhor não Adriana.
- Ela é louca. – Disse as amigas.
Adriana aproximou-se do homem que estava novamente muito bem
vestido e disse:
- Olá. Tudo bem?
O homem a olhou e notou nela uma forte semelhança com alguém
que ele desejava muito se encontrar novamente.
- Olá. Tudo bem sim minha filha. – Disse o homem.
- Você parece triste. Posso saber o motivo da sua tristeza?
O homem olhou admirado e se espantou com a preocupação da
menina. Olhou em seus olhos e disse:
- Sim minha filha. Vou lhe contar: Á quinze anos atrás eu
conheci uma pessoa que eu posso dizer que foi o único amor da minha vida. Mas
ela foi embora de mim. Nunca mais eu a vi desde então. Porém, antes dela
partir, ela me disse para que eu a esperasse no mesmo lugar em que nos
conhecemos que um dia ela voltaria para mim.
De Patrik Santos
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