O amor de Luciana e Osvaldo estava aos poucos morrendo.
Luciana sempre reclamava do modo frio como Osvaldo a tratava quando ela queria
falar sobre o relacionamento deles. Osvaldo ainda amava sua esposa. E apesar de
não demonstrar o seu sentimento por ela, daria até a sua vida pela a pessoa a
quem ele mais amava.
A filha do casal, Diana, de quatro anos, amava seus pais
mais que tudo nesta vida. Mas por um triste fim veria o pai e a mãe se
separarem. Em uma tarde, Luciana chamou Osvaldo para uma conversa particular.
- Infelizmente já não podemos viver mais juntos, Osvaldo.
Estou amando outra pessoa.
Osvaldo, com o coração partido, pegou nas mãos da sua esposa
e disse:
- O que fiz para você deixar de me amar? Aponte-me o erro,
Luciana.
- Simplesmente deixei de te Amar, Osvaldo. E acho que nunca
devíamos ter se casado.
Aquelas palavras vieram como uma flecha envenenada no
coração de Osvaldo. Tentou engolir a sua saliva, mas não conseguia.
- Não podemos nos separar, Luciana. E a nossa filha? E o que
criamos juntos? – Disse Osvaldo.
- O quê a gente criou, Osvaldo? Nós só criamos intrigas e
discórdias. A nossa filha foi à única maravilha que tivemos. Não, Osvaldo.
Sinto muito, mas não te amo mais. Como eu lhe disse antes, estou amando outra
pessoa e espero encontrar nele a felicidade que não encontrei em você.
Aquela foi a primeira vez que Luciana viu Osvaldo chorar. Ele
se debruçou na mesa e soluçou diversas vezes.
Osvaldo tinha que suportar tudo aquilo. Da sua janela viu a
sua esposa e sua filha se afastar dele. Talvez para sempre. Para nunca mais
vê-los.
O divorcio foi finalmente marcado. Osvaldo assinou os termos
com uma triste solidão.
Ao entregar o termo ao advogado, este viu que no papel havia
vestígios de lágrimas.
Osvaldo nunca mais
iria ver a sua esposa. Sua filha veria apenas nos finais de semana. O seu amor
foi tão bem construído, no entanto faltaram colunas para lhe sustentar. Tudo
desmoronado. Seus sonhos foram dissipados por um sopro insólito. E agora? Onde
viver? Como viver!
Os anos se passaram e Osvaldo entrou em uma crise financeira
muito desagradável. Muitos diziam que era por causa de sua bebedeira, mas
devemos incluir também os jogos e as apostas que fazia. Osvaldo tornou-se um
dependente químico de várias substâncias destrutivas. Se definhou de uma tal
maneira que os seus olhos se afundavam e suas rugas já ficavam perceptíveis.
Muitos o viam jogado em praças e lojas. Às vezes defecado e bêbado. Porém nunca
deixou de ir visitar a sua filha. Luciana o olhava triste, pois seu ex esposo
estava completamente acabado. Não permitiu que sua filha saísse mais com ele,
pois este não tinha mais condições de leva-la a lugar nenhum. Ele ficava apenas
em frente da casa de Luciana, que já havia se casado novamente.
“Nunca vou os abandonar”, dizia Osvaldo para a sua filha.
“Nem na minha morte irei abandonar você e sua mãe”.
E o provável um dia aconteceu. Osvaldo, completamente
embriagado, atravessou uma rua e foi atingido por um caminhão. O acidente
chocou vários transeuntes. O rosto de Osvaldo ficou irreconhecível. Teve a sua
cabeça esmagada.
Em seu amor faltou às colunas. E sem elas, Osvaldo tombou.
O corpo de Osvaldo foi enterrado por muita comoção. Luciana
não conseguia acreditar que aquilo tinha acontecido. Ela viu como Osvaldo ficou
após o acidente. Luciana já não conseguia se lembrar do rosto de Osvaldo.
Apenas quando via uma foto ela se recordava; mas quando se lembrava do modo
como Osvaldo ficou Luciana esquecia-o novamente.
Por diversas vezes Luciana se comprometeu em ajudar Osvaldo.
Mas o homem não precisava de uma clínica, precisava do amor de Luciana para se
recuperar. Osvaldo precisava das colunas. Se sem elas, tudo desmoronou.
Um ano após a morte de Osvaldo, Luciana se envolveu em um
acidente terrível. Seu carro capotou diversas vezes e parou em baixo de um
caminhão inflamável. Luciana, imóvel sem poder se mexer, esperava por socorro,
mas este não vinha. Ninguém queria se arriscar em ir salvar a mulher. De
repente, quando Luciana já não acreditava que viria alguém para lhe ajudar, uma
mão, que reconheceu de súbito, a mesma mão em que um dia ela pôs um anel e
disse “aceito”, lhe cedeu para que ela saísse daquele lugar. Quando olhou para
a face do homem, Luciana pôde ver o rosto de Osvaldo. Aquele mesmo rosto com
que um dia ela se apaixonou. O homem sorriu para ela e disse: “Eu disse a Diana
que nunca eu os abandonaria. Eu os amo”.
Luciana, depois daquele dia, nunca mais esqueceu o rosto do
amor de sua vida.
Por Patrik Santos
nossa...trágico e ao mesmo tempo lindoo!
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