quarta-feira, 9 de outubro de 2013

O Dia Mais Feliz da Minha Vida




Ele chegou tão cedo naquele dia.  De fato me surpreendeu, pois ele só voltaria para a casa na semana que vinha. Sentou-se no nosso sofá e começamos a conversar como há anos não conversávamos. Pediu-me uma xícara de café e alguns biscoitos; ele simplesmente adorava. Disse-me as novidades do seu trabalho. Sobre as viagens que realizou; sobre a distância que sempre nos afastava e se lamentou muito chorando em meu colo. Advertiu-me que nunca, jamais me esqueceria; e que se algum dia, algo de grave acontecesse, para que eu não me desesperasse, pois ele estaria sempre do meu lado, fosse o que fosse. Abracei-o amorosamente e lhe pedi para que nunca mais falasse sobre isso, que ainda viveríamos muito, que sorriríamos muito e que ainda passaríamos muitos dias felizes como aquele, em que estávamos vivendo. Ele, de certa forma, concordou comigo e nos abraçamos mais forte ainda. “Não sei se você sabe, amor...”, disse eu a ele, “amanhã faremos quarenta anos de casados”. “E como eu poderia esquecer isso, meu amor? Foi por este e outro motivo que justamente eu cheguei cedo de viagem”. “Ora”, Disse eu a ele, “e que outro motivo é este, posso saber?”. “Saberás no final do dia”, disse-me ele com um sorriso entremeado com uma breve tristeza.
Posso afirmar: aquele foi o dia mais feliz da minha vida. Relembramos, sentados no banco do jardim, todos os lindos momentos em que vivemos. O dia que nos conhecemos; o dia em que ele, todo tímido, pediu-me em namoro para os meus pais que o olharam com os olhos brilhando reconhecendo que ele era uma ótima pessoa; o dia do nosso casamento, marcado para sempre em nossas vidas; os nossos lindos filhos, todos casados e felizes e o nascimento de nossos netos, nossa razão de viver.
Nem percebemos o tempo passar. A noite sorria e brilhava para a gente. Ele colocou a nossa música de casamento para dançarmos. Dançamos divinamente, parece que tudo aquilo era a primeira vez. A primeira vez que dançávamos. A primeira vez que nos beijávamos. Choramos juntos e nossas lágrimas se uniram. Tinha o sabor do amor. Tudo ainda estava vivo dentro de nós; principalmente o amor, que nunca morreu entre nós dois.
Foi quando de repente ele me pediu mais biscoitos e fui pega-los. Ao voltar ao nosso jardim, vi apenas a cadeira de balanço vazia, sem ele. Ela ainda estava balançando. Os biscoitos e o café, que eu havia trazido ainda na primeira vez, estranhamente ainda estavam lá. “Que estranho, ele os comeu”, disse eu. “Amor! Amor! Onde está você?”. Foi quando o telefone tocou, e eu corri para atendê-lo. Ao atendê-lo, recebi a notícia de que o avião de meu amor havia caído.

Por Patrik Santos

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