sexta-feira, 14 de junho de 2013

Menino Atrevido


Fiquei sabendo que ela iria nos visitar. Como ela poderia me maltratar tanto assim! Eu era apenas um garoto de onze anos. Fomos vizinhos por um ano e meio, e ela sabia que eu era apaixonada por ela. Um dia eu a beijei. Foi meu primeiro beijo. E um beijo inesquecível, pois eu estava apaixonado. Depois de um ano e meio ela voltaria para nos visitar. Ela e sua mãe. Ela, sua mãe e seu namorado de dezessete anos. Que droga! Ela já tinha quinze. E eu só onze. Ela foi tudo que eu sempre sonhei. Não! Ela é tudo que eu sempre sonhei. Ainda a amo. Mas eu poderia a esquecer. Porém ela voltava para me atormentar. Para me trazer de volta angustia e solidão. Choro e desprazer. Ela iria nos visitar, e eu ainda a amava.

Eu poderia até sobreviver perante aquela visita; mas trazer o namorado foi me castigar demais. Ela sabia que eu ainda amava. Eu sempre lhe mandava cartas. Cartas que nunca foram correspondidas e talvez nem abertas.

A campainha tocou. Eram eles. Tranquei-me no meu quarto, porém minha mãe me chamou para recepciona-los. Eu não fui. Eu não poderia.

Ouvi a voz de sua mãe. Ouvi a voz dela. E ouvi a voz dele.

Minha mãe me chamou. Eu não respondi. Eu tinha perdido a minha voz.
Mais uma vez minha mãe me chamou. Dessa vez eu gritei dizendo: “Já vou!”.

Chorei tanto. Fui ao banheiro para lavar meus olhos. Eles estavam inchados. E agora? Eu deveria ir assim mesmo.

Desci as escadas com roupas de casa. Eu estava fora de mim. Talvez tenha sido o perfume dela que me hipnotizou. Desci as escadas com os olhos fechados e pensando nela. Ao olhar da sala de jantar, vi a mãe dela, sentada perto de minha mãe, e ela ao lado de seu namorado com as mãos dadas.

- Oh meu filho. Aproxime-se. – Disse a minha mãe.

Olhei para todos da sala e fui andando lentamente na direção dela. Ao chegar em frente dela, que estava sentada na cadeira da sala de jantar, agachei-me e dei-lhe um beijo em seus lábios. Todos me olharam admirados e eu lhe disse uma frase em seu ouvido: eu te amo, minha amada!


Voltei para o meu quarto e não parei de rir. Aquela foi uma atitude que eu jamais me esquecerei, pois eu amo você.